segunda-feira, 30 de março de 2009

Instituto Máris Célis - 3º Colegial 2ª Fase Modernista Prosa - Matéria para PII 03-04

Segunda fase Modernista no Brasil (1930-1945) - Prosa
Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais características do romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às relações do personagem com o meio natural e social.

Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira de José Américo de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realidade capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca etc.

Autores Principais

Rachel de Queiroz (1910 - )
Cearense, viveu na infância o problema da seca que atingiu uma propriedade de sua família. Em 1930 (aos 20 anos) publica o romance O Quinze, que lhe angaria um prêmio e reconhecimento público.
Participa ativamente da política, militando no Partido Comunista Brasileiro e é presa em 1937, por suas idéias esquerdistas. A partir de 1940 dedica-se à crônica e ao teatro. Quebrou uma velha tradição, ao tornar-se (1977) a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Sua literatura caracteriza-se, a princípio, pelo caráter regionalista e sociológico, com enfoque psicológico, que tende a se valorizar e a aprofundar-se à proporção que sua obra amadurece. Seu estilo é conciso e descarnado, sua linguagem fluente, seus diálogos vivos e acessíveis, o que resulta numa narrativa dinâmica e enxuta.
O Quinze e João Miguel há coexistência do social e ppsicológico. Caminho de Pedras é o ponto máximo de sua literatura engajada e de esquerda (mais social e político). As Três Marias abandona o aspecto social, enfatizando a análise psicológica.

Obras:
· Romances: O Quinze(1930) e João Miguel (1932) - seca; coronelismo; impulsos passionais / Caminho de Pedras (1937) e As Três Marias (1939) - literatura engajada, esquerdizante, social e política, trata ainda da emancipação feminina / O Galo de Ouro (folhetim em “O Cruzeiro”) / Memorial de Maria Moura (1992; surpreende seu público e é adaptado para a televisão)
· Teatro: Lampião (1953), A Beata Maria do Egito (1958, raízes folclóricas), A Sereia Voadora.
· Crônica: A Donzela e a Moura Torta (1948), Cem Crônicas Escolhidas (1958), O Brasileiro Perplexo (1963, Histórias e Crônicas), O Caçador de Tatu (1967)
· Literatura Infantil: O Menino Mágico, Andira.

José Lins do Rego (1901 - 1957)
Paraibano, é considerado um dos melhores representantes da literatura regionalista do Modernismo. Em Recife, aproxima-se de José Américo de Almeida e Gilberto Freire, intelectuais responsáveis pela divulgação do modernismo no nordeste e pela preocupação regionalista. Mais tarde também conhece Graciliano Ramos, e depois para o Rio de Janeiro, onde participa ativamente da vida literária. Sua infância no engenho influenciou fortemente sua obra.
Suas obras Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, Moleque Ricardo, Usina e Fogo Morto compõem o que se convencionou chamar de “ciclo da cana de açúcar”. Nestas obras J. L. Rego narra a gradativa decadência dos engenhos e a transformação pela qual passam a economia e a sociedade nordestina. Sua técnica narrativa se mantém nos moldes tradicionais da literatura realista: linearidade, construção do personagem baseado na descrição dos caracteres, linguagem coloquial, registro da vida e dos costumes. O tom memorialista é o fio condutor de uma literatura que testemunha uma sociedade em desagregação: a sociedade do engenho patriarcalista, escravocrata. As obras mais representativas desta fase são Menino de Engenho e Fogo Morto. A primeira é a história de um menino, órfão de pai e mãe, que é criado no Engenho Santa Rosa, de seu avô José Paulino, típico representante do latifundiário nordestino. Há momento de grande emoção na obra, como a descrição da enchente, o castigo dos escravos, a descoberta da própria sexualidade.
Fogo Morto é considerada sua melhor obra: dividida em três partes que se interrelacionam, compõe um quadro social e humano do Nordeste. Mestre José Amaro, seleiro, orgulhoso de sua profissão, sofre as pressões do coronel Lula de Holanda, senhor do Engenho Santa Fé, em decadência econômica. Antônio Silvino, cangaceiro, é o terror da região e ataca os engenhos. O capitão Vitorino Carneiro da Cunha, lunático, é uma espécie de místico e profeta do sertão.
Além destas obras, José Lins escreveu: Pedra Bonita e Cangaceiros, onde continua a traçar um quadro da vida nordestina, aproveitando agora elementos do folclore e do cordel. Estes romances pertencem ao “ciclo do cangaço, misticismo e seca”. Além destes, escreveu também Água-mãe e Eurídice, de ambientação urbana.

Obras:
· Romances: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935), Usina (1936), Pureza (1937), Pedra Bonita (1938), Riacho Doce (1939), Água-mãe (1941), Fogo Morto (1943), Eurídice (1947), Cangaceiros (1953).
· Literatura infantil, memórias e crônicas: Histórias da Velha Totônia (1936), Gordos e Magros (1942), Seres e Coisas (1952), Meus Verdes Anos (1956).

Graciliano Ramos (1892-1953)
Alagoano, faz jornalismo e política estreando com Caetés (1933). Em Maceió conheceu alguns escritores do grupo regionalista: José Lins, Jorge Amado, Raquel de Queirós. Nessa época redige S. Bernardo e Angústia.
Envolvendo-se em política, é preso e acusado de comunista, essas experiências pessoais são retratadas em Memórias do Cárcere. Em 1945 ingressa no Partido Comunista e empreende uma viagem aos países socialistas, narrada no livro Viagem.
Considerado o melhor romancista moderno da literatura brasileira. Levou ao limite o clima de tensão presente nas relações entre o homem e o meio natural, o homem e o meio social. Mostrou que essas tensões são capazes de moldar personalidades e transformar comportamentos, até mesmo gerar violência.
Luta pela sobrevivência é o ponto de ligação entre seus personagens, onde a lei maior é a lei da selva. A morte é uma constante em suas obras como final trágico e irreversível (suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia e as mortes do papagaio e da cadela Baleia em Vidas Secas).
Antonio Candido propõe uma divisão da obra em 3 partes:
romances em 1ª pess. (Caetés, São Bernardo e Angústia) - pesquisa da alma humana e retrato e análise da sociedade
romances em 3ª pess. (Vidas Secas) - enfoca modos se der e as condições de existência no meio da seca
autobiografias (Infância e Memórias do Cárcere) - coloca-se como caso humano, como uma necessidade de depor, denunciar
Seua personagens são seres oprimidos e moldados pelo meio. Tanto Paulo Honório (personagem de São Bernardo), quanto Luís da Silva (de Angústia) são o que se chama de “herói problemático”, em conflito com o meio e consigo mesmos, em luta constante para adaptar-se e sobreviver, insatisfeitos e irrealizados. Linguagem sintética e concisa.

Obras : Caetés (1933), S. Bernardo (1934), Angústia (1936), Vidas Secas (1938), Dois Dedos (1945), Insônia (1947), Infância (1945), Memórias do Cárcere (1953), Histórias de Alexandre (1944), Viagem (1953), Linhas Tortas (1962) etc.

Jorge Amado (1912 -)
Nasceu na zona cacaueira baiana e depois morou em Salvador, essas referências são fontes de inspiração para suas obras. Estréia com O País do Carnaval e, levado por Rachel de Queiroz, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, por onde mais tarde torna-se deputado. Sofre perseguições políticas, exila-se e mais tarde é preso.
Na vasta ficção de Jorge Amado convivem lirismo, sensualismo, misticismo, folclore, idealismo, engajamento político, exotismo. Este painel, sem dúvida, bastante rico, aliado a uma linguagem coloquial, fluida, espontânea, aparentemente sem elaboração, tem sido responsável pela grande aceitação popular de sua obra. Além disso, seus heróis são marginais, pescadores, marinheiros, prostitutas e operários; todos personagens de origem popular. Suas obras estão ambientadas no quadro rural e urbano da Bahia e seu aspecto documental a torna autenticamente regionalista.

Podemos dividir assim a sua produção:
· Ciclo do Cacau: Cacau, Suor, Terras do Sem Fim, São Jorge de Ilhéus - problemas coletivos, “realismo socialista”.
· Romances líricos, com um fundo de problemática social: Jubiabá, Mar Morto, Capitães de Areia.
· Romances de costumes provincianos, geralmente sentimentais e eróticos: Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos.
Obra bastante vasta, incluindo ainda escritos de pregação partidária (Cavaleiro da Esperança, Os Subterrâneos da Liberdade).
Obras : A.B.C de Castro Alves; O Cavaleiro da Esperança. A vida de Luis Carlos Prestes; Agonia da Noite; O Amor de Soldado; Os Ásperos Tempos; Bahia Amada Amado (Jorge Amado e Maureen Bisilliat); Bahia de Todos os Santos; A Bola e o Goleiro; Brandão entre o Mar e o Amor; Cacau; O Capeta Carybe; Capitães de Areia; O Capitão de Longo Curso; Compadre de Ogum; A Descoberta da América pelos Turcos; Dona Flor e seus Dois Maridos; Farda Fardão Camisola de Dormir; Gabriela, Cravo e Canela; O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá; Jubiaba; Tereza Batista Cansada de Guerra; O Sumiço da Santa; Suor; Tenda dos Milagres; A Luz no Túnel; Terras do Sem Fim; Mar Morto; Tieta do Agreste; Tocaia Grande; Os velhos Marinheiros; O Menino Grapuina; O Milagre dos Pássaros; A Morte e a Morte de Quincas Berro D’gua; Navegação de Cabotagem; O País do Carnaval; Os Pastores da Noite; São Jorge dos Ilhéus; Seara Vermelha; O Capitão de Longo Curso; Os Primeiros Subterrâneos da Liberdade, I; Os Subterrâneos da Liberdade,II; Os Subterrâneos da Liberdade,III; Os Subterrâneos da Liberdade,IV.

Érico Veríssimo (1905-1975)
Sua família rica foi à falência e o escritor teve que trabalhar sem possibilidade de seguir estudos. Em Porto Alegre, entra em contato com a vida literária e inicia-se no jornalismo. Começa então a publicar contos e romances, entre os quais, Clarissa, que logo se tornou um sucesso. Viajou para vários países, lecionou Literatura Brasileira nos EUA e trabalhou na OEA. Voltando ao Brasil, dedica-se a escrever e produz uma vasta obra.
Escritor de grandes dimensões, em sua produção se incluem romances, crônicas, literatura infantil. Os romances que compõem a trilogia O Tempo e o Vento (O Continente, O Retrato, O Arquipélago) traçam um painel histórico de várias gerações: desde a época colonial sucedem-se as lutas entre portugueses e espanhóis, farrapos e imperiais, maragatos e pica-paus (nomes dos partidos em guerra política). Duas famílias, os Terra Cambará e os Amaral, são durante dois séculos o fio narrativo que unifica a história. Érico Veríssimo compõe uma verdadeira saga romanesca, com todas as suas características: guerras intermináveis, aventuras, amores, traições, gerações que se sucedem, criando um painel histórico da comunidade rio-grandense e do próprio Brasil. A obra é uma aglutinação de novelas, onde ressaltam as figuras épicas de Ana Terra e do Capitão Rodrigo Cambará. O estilo de Érico Veríssimo é coloquial, poético, intimista. Sua técnica de construção é o contraponto: onde várias histórias se desenvolvem paralelamente, a ação concentrada e o dinamismo. Em suas últimas obras, como O Prisioneiro, O Senhor Embaixador e Incidente em Antares, desenvolveu a ficção política, ambientada nos dias atuais.

Obras : Fantoches; Clarissa; Música ao Longe; Caminhos Cruzados; Um Lugar ao Sol; Olhai os Lírios do Campo; Saga; O Resto é Silêncio; Noite; O Tempo e o Vento: O Continente, O Retrato, O Arquipélago; O Senhor Embaixador; Incidente em Antares; Aventuras de Tibicuera; Gato Preto em Campo de Neve.

domingo, 22 de março de 2009

Congresso Pitágoras em BH... 21-03-2009

Tivemos o prazer de participar do Congresso Pitágoras de Capacitação para Professores neste final de semana.

Professor que não aprende não ensina...

Palestra: Educação e Gestão do Conhecimento - Mário Sérgio Cortela

"Os alunos de hoje não são mais os mesmos, seus alunos não conheceram Ayrton Sena, Mamonas Assassinas, não sabem o que é inflação, não fazem ideia para que serve o Frezzer, como estoque de comida, enfim, os professores querem dar as mesmas aulas para alunos diferentes."

"O professor entra em contato todo ano, com que há de mais novo na vida humana!"

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Agradecimentos:
À Secretaria de Educação Municipal de Itaú de Minas e à nossa secretária de educação, Sra. Macedo, pelo apoio e confiança;
À diretora pedagógica do Colégio Del Rey, professora Orlanda, que permitiu nossa participação nesse momento de aprendizagem;
À diretora da Escola M. Engenheiro Jorge Oliva, Marlene rosa, que sempre demonstrou sua confiança em nossa trabalho;
Ao coordenador da Escola Jorge Oliva e do Colégio Del Rey, pela amizade e disposição em ajudar.

Resultado.... Paulo Vitor Faloni, campeão!!!!!

Parabéns, Paulo Vitor!!!

Você conseguiu reconhecer quem era o autor da caricatura: Fernando Pessoa, um dos maiores poetas modernistas portugueses.

Pessoa além de ser reconhecido por sua obra, também é estudado em relação ao fenômeno da heteronímia, ou seja, o próprio autor se desmembrava em outros três autores, dando-lhes vida (biografia) e obras próprias. O meu preferido é Ricardo Reis, mas isso é tema para outras histtórias...rs.... Pessoa é estudado profundamente somente no Colegial...mas deixo-lhes um texto desse mestre, para dar 'água-na-boca', bjs!!!!

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo…
E esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos.”

sábado, 7 de março de 2009

Colégio Interativo - Provão 14/03/2009

Conteúdos Relacionados:

6º Ano: - Interpretação de textos;
- Fonética: fonemas e letras;
- Ortografia: G/J.

7º Ano: - Interpretação de texto;
- Palavras homônimas e parônimas;
- Verbo: modo indicativo e subjuntivo

1º Colegial: - Introdução à Literatura: conceitos gerais;
- Figuras de Linguagem.

2º Colegial: - Realismo: Introdução;
- Realismo em Portugal.

3º Colegial: - Introdução à Literatura;
- Figuras de Linguagem.

Máris Célis - 1º Colegial Variedade Linguística

LÍNGUA PADRÃO

Linguagem e sociedade

Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano. A história da humanidade é a história de seus organizadores em sociedade e detentores de um sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua.
Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variação. Pode-se afirmar mesmo que nenhuma língua se apresenta como entidade homogênea. Isso significa dizer que qualquer língua é representada por um conjunto de variedades. Concretamente o que chamamos de “língua portuguesa” engloba os diferentes modos de falar utilizados pelo conjunto de seus falares do Brasil, em Portugal, em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor etc.
Língua e variação são inseparáveis. A diversidade da língua não deve ser encarada como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do fenômeno lingüístico. Os falantes adquirem as variedades lingüísticas próprias da sua região, de sua classe social etc. De uma perspectiva geral, podemos descrever as variedades lingüísticas a partir de dois parâmetros básicos: a variação geográfica e variação social.
A variação geográfica está relacionada às diferenças lingüísticas no espaço físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas. Exemplos: o uso de vogais abertas [mE’ladu] (no Nordeste) e uso de vogais fechadas [me’ladu] (no Sudeste); preferência pela posposição verbal na negação, como em “sei não” (no Nordeste) e “não sei” ou “não sei, não” (no Sudeste); uso do artigo definido antes de nomes próprios , como em “falei com a Joana” (Sudeste) e “falei com Joana” (Nordeste).
Tomando-se a comunidade de fala da língua portuguesa como um todo, podemo-nos referir às variedades brasileira, portuguesa, baiana, curitibana, rural paulista (ou caipira) etc.
A variação social, por sua vez, relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala. Nesse sentido, podemos apontar os seguintes fatores relacionados às variações de natureza social:
a) classe social – observa-se o uso de dupla negação, como “ninguém não viu”, “eu nem não gosto”, presença de [r] em lugar de [l] em grupos consonantais, como em “brusa”, “grobo” nas falas de grupos situados abaixo na escala social.
b) idade – uso de léxico particular, como o uso de gírias que denota faixa etária jovem.
c) sexo
d) profissão
e) situação ou contexto social – qualquer pessoa muda sua fala de acordo com o(s) seu(s) interlocutor(es) segundo o lugar em que se encontra – em um bar, em uma conferência – e até mesmo segundo o tema da conversa – fofoca, assunto científico. Ou seja, todo falante varia sua fala segundo a situação em que se encontra. Cada grupo social estabelece um contínuo de situações cujos pólos extremos e opostos são representados pela formalidade e informalidade. Em nossa sociedade, conferências, entrevistas para obtenção de emprego, solicitação de uma informação a um desconhecido, contato entre vendedores e clientes são, em geral, vistos como situações formais. Já situações como passeatas, mesas redondas sobre esporte, bate-papo em bar, festas de Natal nas empresas são definidas como informais. As variedades lingüísticas utilizadas pelos participantes das situações devem corresponder às expectativas sociais convencionais: o falante que não atender às convenções pode receber algum tipo de “punição”.
Aprendemos a falar na convivência. Mas, mais do que isso, aprendemos que devemos falar de um certo modo e quando devemos falar de outro. Os indivíduos que integram uma comunidade precisam saber quando devem mudar de uma variedade para outra.
Os parâmetros da variação lingüística são diversos, como se pode inferir da exposição feita até aqui. Assim no ato de interagir verbalmente, um falante utilizará a variedade lingüística relativa a sua região de origem, classe social, idade, escolaridade, sexo, profissão etc. e segundo a situação em que se encontrar.


As variedades lingüísticas e a estrutura social

Como já foi dito, em qualquer comunidade de fala, podemos observar a coexistência de um conjunto de variedades lingüísticas. Essa coexistência, entretanto, não se dá no vácuo, mas no contexto das relações sociais estabelecidas pela estrutura sociopolítica de cada comunidade. Na realidade objetiva da vida social, há sempre uma ordenação valorativa das variedades lingüísticas em uso, que reflete a hierarquia dos grupos sociais. Isto é, em todas as comunidades existem variedades que são consideradas superiores e outras inferiores. “Uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais” (Gnerre). Constata-se, de modo evidente, a existência de variedades prestigiadas e de variedades não prestigiadas nas sociedades em geral. As sociedades de tradição ocidental oferecem um caso particular de variedade prestigiada: a variedade padrão. A variedade padrão é a variedade lingüística socialmente mais valorizada de reconhecido prestígio dentro de uma comunidade, cujo uso é normalmente requerido em situações de interação determinadas, definidas pela comunidade como próprias em função da formalidade da situação, do assunto tratado, da relação entre os interlocutores etc. A questão da língua padrão tem uma enorme importância em sociedades como nossa.
A variedade padrão de uma comunidade – também chamada norma culta, ou língua culta – não é como um senso comum faz crer a língua por excelência a língua original, posta em circulação, da qual os falantes se apropriam como podem ou são capazes. O que chamamos de variedade padrão é o resultado de uma atitude social ante a língua, que se traduz, de um lado, pela seleção de um dos modos de falar entre variedades existentes na comunidade, de outro, pelo estabelecimento de um conjunto de normas que definem o modo “correto” de falar. Tradicionalmente, o melhor modo de falar e as regras do bom uso correspondem aos hábitos lingüísticos dos grupos socialmente dominantes. Em nossas sociedades de tradição ocidental, a variedade padrão, historicamente coincide com a variedade falada pelas classes sociais altas, de determinadas regiões geográficas.
A avaliação social das variedades lingüísticas é um fato observável em qualquer comunidade da fala. Freqüentemente, ouvimos falar em línguas “simples”, “inferiores”, “primitivas”. Para a Lingüística – ciência da linguagem – esse tipo de afirmação carece de qualquer fundamento científico. Toda língua é adequada à comunidade que utiliza, é um sistema completo que permite a um povo exprimir o mundo físico e simbólico em que vive. Assim como não existem línguas “inferiores”, não existem variedades lingüísticas “inferiores”. As línguas não são homogêneas e a variação observável em todas elas é produto de sua história e do seu presente. Em que se baseiam, então, as avaliações sociais? Podemos afirmar que os julgamentos sociais ante a língua – ou melhor, as atitudes sociais – se baseiam em critérios não lingüísticos: são julgamentos de natureza política e social. Não casual, portanto, que se julgue “feia” a variedade dos falantes de origem rural, de classe social baixa, com pouca escolaridade, de regiões culturalmente desvalorizadas. Consideramos, por exemplo, o r caipira “desagradável”, mas usamos esse mesmo som para falar “car” (carro) em inglês sem achar “feio”. Em resumo, julgamos não a fala, mas o falante, e o fazemos em função de sua inserção na estrutura social.


A Língua Padrão muda no tempo

Este é um fato elementar para quem quer entender as línguas: todas as línguas mudam ao longo do tempo. As formas lingüísticas consideradas pa­drões, principalmente na escrita, são mais resistentes à mudança - porque vivem sob controle severo! - mas também mudam. Vejamos algumas conseqüências que decorrem da mudança.
Uma delas é a relativa imprecisão de suas características. Um exemplo bastante visível é o caso da regência de alguns verbos. Há uma tendência mui­to forte na linguagem oral do português brasileiro de tornar transitivos dire­tos alguns verbos que tradicionalmente eram transitivos indiretos (Assisti um filme, por exemplo, em vez de Assisti a um filme). Nesses casos, a tendência já está passando à escrita, e talvez seja muito mais freqüente o emprego "errado" que o emprego "certo", mesmo em textos de boa qualidade, escritos por bons escritores ou jornalistas. Uma evidência dessa mudança na língua padrão é o fato de que estes verbos tornados transitivos diretos passaram a ocorrer com freqüência na escrita padrão na forma passiva, impossível sintaticamente com verbos transitivos indiretos (O jogo Brasil x Argentina foi assistido por milhões de telespectadores dos dois países; ou A Constituição nem sempre tem sido obedecida pelas autoridades federais).
Quando o uso chega a esse ponto, pode-se dizer que a mudança de padrão começa a se consolidar. Outro caso visível é a colocação dos pronomes no português brasileiro, que insiste sistematicamente em recusar algumas normas das gramáticas escolares. Na fala, o padrão de Portugal (que determinou na origem o do Brasil) desapareceu quase que por completo. Na escrita mantém-se mais visivelmente apenas a regra de não se começar período com pronome átono, mas mesmo esta é rompida em textos mais informais e nos textos literários.
Em outros casos, a resistência é muito mais forte. Veja-se, por exemplo, o fenômeno da concordância nos casos em que o sujeito aparece de­pois do verbo, do tipo foram inauguradas as usinas. Na língua oral - e isso mesmo nas faixas mais escolarizadas da população - há uma tendência sis­temática a não fazer a concordância (Foi inaugurado as usinas). Mas aqui a transformação não chegou ao padrão escrito de prestígio, embora seja fre­qüentíssima em textos escolares, o que costuma ser sintoma de que a mu­dança está avançando significativamente.
Outro aspecto que decorre da mudança da língua ao longo do tempo é a convivência (nem sempre pacífica!) entre formas arcaicas e formas con­temporâneas, isto é, as mudanças nunca acontecem subitamente. Pouco a pouco, as "novidades" (ou os "erros", dependendo do ponto de vista...) vão se popularizando e disseminando até o momento em que ninguém mais consegue perceber a nova forma como erro - exceto, é claro, os gramáticos, que por mais que reclamem e vociferem não conseguem “segurar” a mudança. Faça um teste: tente convencer pessoas comuns que o certo é dizer Se eu vir fulano, eu o aviso, e não Se eu ver fulano, eu aviso ele. Falar nisso: o padrão é Convencer pessoas que o certo é... ou Convencer pessoas de que o certo é...?

Máris Célis - 1º Colegial Fonética

FONÉTICA
Em sentido mais elementar, a Fonética é o estudo dos sons ou dos fonemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana, os quais caracterizam a oposição entre os vocábulos. Por exemplo, em ‘pato’ e ‘bato’ é o som inicial das consoantes p- e b- que opõe entre si as duas palavras. Tal som recebe a denominação de Fonema. Pelo visto, pode-se dizer que cada letra do nosso alfabeto representa um fonema, mas fica a advertência de que num estudo mais profundo a teoria mostra outra realidade, que não convém inserir nas noções elementares de que estamos tratando. A Letra é a representação gráfica, isto é, uma representação escrita de um determinado som.
CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
LETRAS
FONEMAS
EXEMPLOS
A
à (AM, AN) - A
ANTA DO CAMPO - ÁRVORE
B

BOI BRAVO - BALEIA
C
SÊ - KÊ
CERVO – COBRA
D

DROMEDÁRIO - DINOSSAURO
E
Ê – EM, EN - E
ELEFANTE – ENTE – ÉGUA
F

FOCA - FLAMINGO
G
JÊ - GUÊ
GIRAFA – GATO
H
Ø
HIPOPÓTAMO - HOMEM
I
IM - I
ÍNDIO - IGREJA
J

JIBÓIA - JACARÉ
L
LÊ - U
LEÃO - SOL
M
MÊ – (~)
MACACO – CAMBUÍ
N
NÊ – (~)
NATUREZA – PONTE
O
Õ (OM, ON) – O – Ô
ONÇA – AVÓ – AVÔ
P

PORCO - PATO
Q

QUERO-QUERO - QUEIJO
R
RRÊ – RÊ
RATO BURRO – ARARA
S
SÊ – ZÊ – Ø
SAPO – CASA – NASCER
T

TATU - TUBARÃO
U
U – UM, UN
URUBU – ATUM
V

VACA - VEADO
X
XÊ – ZÊ – SÊ – Ø - KSÊ
XARÉU – EXEMPLO – MÁXIMO – EXCETO - TÁXI
Z

ZEBRA - ZORRO
Tradicionalmente, costuma-se classificar os fonemas em vogais, semivogais e consoantes, com algumas divergências entre os autores.
VOGAIS = a e i o u
As vogais são sons musicais produzidos pela vibração das cordas vocais. São chamados fonemas silábicos, pois constituem o fonema central de toda sílaba.
AS VOGAIS SÃO CLASSIFICADAS CONFORME:
FUNÇÃO DAS CAVIDADES BUCAL E NASAL
Orais = a, e, i, o, u
Nasais = ã, ê, î, õ, û.
ZONA DE ARTICULAÇÃO
Média = a
Anteriores = e, i
Posteriores = o, u
TIMBRE
Abertas = á, é, ó
Fechadas = ê, ô
Reduzidas = fale, hino.
INTENSIDADE
Tônicas = saci, óvulo, peru
Átonas = moço, uva, vida.
SEMIVOGAIS = I U
Só há duas semivogais: I e U, quando se incorporam à vogal numa mesma sílaba da palavra, formando-se um ditongo ou tritongo. Por exemplo: cai-ça-ra, te-sou-ro, Pa-ra-guai.
CARACTERÍSTICAS DAS SEMIVOGAIS:
Ficam sempre ao lado de outra vogal na mesma sílaba da palavra.
São átonas.
CONSOANTES
As consoantes são fonemas que soam com alguma vogal. Portanto, são fonemas assilábicos, isto é, sozinhos não formam sílaba.
B C D F G H J L M N P Q R S T V X Z
ENCONTROS VOCÁLICOS
À seqüência de duas ou três vogais em uma palavra, damos o nome de encontro vocálico. Por exemplo, cooperativa.
TRÊS SÃO OS ENCONTROS VOCÁLICOS:
DITONGO
É a reunião de uma vogal junto a uma semivogal, ou a reunião de uma semivogal junto a uma vogal em uma só sílaba. Por exemplo, rei-na-do.
OS DITONGOS CLASSIFICAM-SE EM:
CRESCENTES = a semivogal antecede a vogal. EX: quadro.
DECRESCENTES = a vogal antecede a semivogal. EX: rei.
OBSERVAÇÕES:
Sendo aberta a vogal do ditongo, diz-se que ele é oral aberto. Ex: céu.
Sendo fechada, diz-se que é oral fechado. Ex: ouro.
Sendo nasal, diz-se que é nasal. Ex: pão.
Após a vogal, as letras E e O, que se reduzem, respectivamente, a I e U, têm valor de semivogal. Ex: mãe; anão.
TRITONGO
É o encontro, na mesma sílaba, de uma vogal tônica ladeada de duas semivogais. Ex: sa-guão; U-ru-guai.
Pelos exemplos dados, conclui-se que os tritongos podem ser nasais ou orais.
HIATO
É o encontro de duas vogais que se pronunciam separadamente, em duas diferentes emissões de voz. Por exemplo, mi-ú-do, bo-a-to, hi-a-to.
O hiato forma um encontro vocálico disjunto, isto é, na separação da palavra em sílabas, cada vogal fica em uma sílaba diferente.
SÍLABA
Dá-se o nome de sílaba ao fonema ou grupo de fonemas pronunciados numa só emissão de voz. Quanto ao número de sílabas, o vocábulo classifica-se em:
Monossílabo = possui uma só sílaba. (fé, sol)
Dissílabo = possui duas sílabas. (casa, pombo)
Trissílabo = possui três sílabas. (cidade, atleta)
Polissílabo = possui mais de três sílabas. (escolaridade, reservatório).
TONICIDADE
Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se pronuncia com mais força do que as outras: é a sílaba tônica. Por exemplo, em lá-gri-ma, a sílaba tônica é lá; em ca-der-no, der; em A-ma-pá, pá.
Considerando-se a posição da sílaba tônica, classificam-se as palavras em:
Oxítonas = quando a tônica é a última sílaba. (sabor, dominó)
Paroxítonas = quando a tônica é a penúltima. (quadro, mártir)
Proparoxítonas = quando a tônica é a antepenúltima. (úmido, cálice).
OBS: A maioria das palavras de nossa língua é paroxítona.
MONOSSÍLABOS
ÁTONOS = são os de pronúncia branda, os que têm a vogal fraca, inacentuada. Também são chamados clíticos. Incluem-se na lista dos monossílabos átonos, os artigos, as preposições, as conjunções, os pronomes pessoais oblíquos, as combinações pronominais e o pronome relativo ‘que’. Por exemplo, a, de, nem, lhe, no, me, se.
TÔNICOS = são os de pronúncia forte, independentemente de sinal gráfico sobre a sílaba. Por exemplo, pé, gás, foz, dor.
RIZOTÔNICAS - são as palavras cujo acento tônico incide no radical. Por exemplo, descrevo, descreves, descreve.
ARRIZOTÔNICAS - são as palavras cujo acento tônico fica fora do radical. Por exemplo, descreverei, descreverás, descreverá.
OBS: As denominações rizotônico e arrizotônico dizem respeito especialmente às formas verbais.
ENCONTROS CONSONANTAIS
O agrupamento de duas ou mais consoantes numa mesma palavra denomina-se encontro consonantal. Os encontros consonantais podem ser:
Conjuntos ou inseparáveis, terminados em L ou R. Por exemplo, ple-beu e crô-ni-ca. Exceto = sub-li-nhar.
Disjuntos ou separáveis por vogal não representada na escrita, mas que é percebida, na pronúncia, entre as duas consoantes. Por exemplo, rit-mo, ad-mi-rar, ob-je-ti-vo.
DÍGRAFOS
São duas letras que representam um só fonema, sendo uma grafia composta para um som simples. Há os seguintes dígrafos:
os terminados em H, representados pelos grupos ch, lh, nh. Por exemplo, chave, malha, ninho.
os constituídos de letras dobradas, representados pelos grupos rr e ss. Por exemplo, carro, pássaro.
os grupos gu, qu, sc, sç, xc, xs. Por exemplo, guerra, quilo, nascer, cresça, exceto.
as vogais nasais em que a nasalidade é indicada por m ou n, encerrando a sílaba por em uma palavra. Por exemplo, pomba, campo, onde, canto, manto.
não há como confundir encontro consonantal com dígrafo por uma razão muito simples: os dígrafos são consoantes que se combinam, mas não formam um encontro consonantal por constituírem um só fonema.
ACENTUAÇÃO
COLOCAÇÃO
CRASE
ORTOGRAFIA
PONTUAÇÃO

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Acordo Ortogáfico

Moçada, depois de tantas discussões, a nossa tarefa, agora, é incorporar as mudanças da Língua de maneira significativa e tranquila. Segue um link de um site bacana sobre o assunto. Como dica fica o download do acordo num folheto da Michaellis, bons estudos!!!


http://educacao.ig.com.br/acordo_ortografico/