segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

2ª Fase Modernista - Poesia 3º Colegial Máris Célis

ENSINO MÉDIO
PROFESSORA DANIELLE MEDICI
COLÉGIO MARIS CÉLIS
n 2ª FASE MODERNISTA –
POESIA (1930-1945)

Vinícius de Moraes
O poeta Eros


Nasceu (1912) e morreu (1980) no Rio de Janeiro;
Bacharel em Letras e Direito;
Dedicou-se à crítica cinematográfica e musical (Bossa Nova);
Obra:
Duas fases:
No início da carreira até 1940:
- Objetivo de sua poesia: realidade transcendental (espiritualidade e misticismo);
- Busca do essencial, do sublime, da elevação espiritual através do abandono da matéria
- Versos longos, cheios de imagens abstratas e indecifráveis;
- Imagem da mulher associada ao “pecado”;
- Ex. Texto “A volta da mulher morena”

Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos
da mulher morena
Que os olhos da mulher morena estão me
envolvendo
E estão me despertando de noite...

2ª Fase: Novos poemas (1938);
Cinco Elegias (1943);
Poemas, sonetos e baladas (1946);
- A atmosfera carregada de sua poesia anterior cedeu lugar à ironia, ao humor e à malícia;
- Temática: o dia-a-dia, cotidiano;


- O artista volta-se para o mundo ao seu redor;
- Buscando ainda o sublime, a essência, o poeta foi encontrá-los no próprio cotidiano;
- A figura feminina agora é divinizada, considerada a manifestação mais perfeita de Deus entre os homens;
- Acréscimo de fortes doses de erotismo;
- Versos mais livres e leves;
- Coloquialidade;
- Soneto (Camões);
Ex. Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E da mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez de contente

Fez de amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Música Popular:
- Contribuiu para o estreitamento de relações entre a cultura popular e a erudita;
- Junto com Antônio Carlos Jobim e com João Gilberto fundou a Bossa Nova;

Obras-primas:
- O caminho para a distância (1933)
- Forma e exegene (1935)
- Livro de sonetos (1957)
- Para viver um grande amor (1962)

Cecília Meireles
A poeta de essências
Delicadas e sutis

Cecília nasceu (1901) e morreu (1964) no Rio de Janeiro;
Professora primária e universitária;
Recebeu o prêmio de poesia da ABL;
Características de sua obra:
- Intimismo, espiritualismo;
- Temática da solidão (o mar assume papel de representação simbólica do abandono, do obstáculo intransponível);
- Imagens abstratas e imateriais;
- Exploração da musicalidade (simbolismo);
- Temática: universo que existe além da realidade, invisível para aqueles que não são dotados de sensibilidade poética;
- Ex. “Distância”
Quem sou eu, a que está nessa varanda,
Em frente deste mar, sobre as estrelas,
Vendo vultos andarem?

Sabem, acaso, os vultos, quem vão sendo?
Sentem o céu, sentem as águas, quando passam?
Ou não vêem, ou não lembram?

Como alguém deste mundo para a Lua
Dirige os olhos, meditando coisas
E assim no vago mira

_ Para este mundo vão meus pensamentos,
Tão estrangeiros, tão desapegados,
Como se esta varanda fosse a Lua.


- Texto mais famoso: Romanceio da Inconfidência (1953);
- A autora recupera e o ambiente, as sensações envolvidas na revolta de Minas Gerais no final do século XVIII;
- Valores simbólicos:
* A busca do ouro representa a cobiça;
• A conspiração, o fracasso;
• As prisões, situações de medo;
• As punições, o desengano da derrota política.

Obras-primas:
- Espectros (1919)
- Viagem (1939)
- Mar absoluto ( 1945)
- Retrato Natural (1949)
- Romanceio da Inconfidência (1953)
- Poemas escritos na Índia (1961)


Murilo Mendes
O poeta surrealista

- Nasceu em Juiz de Fora (1901) e morreu em Lisboa (1975);
- Exerceu várias atividades: prático de dentista, professor de Literatura, inspetor federal de ensino;
- Converteu-se ao catolicismo (reflexo em suas obras);
- Tendo preferido deixar-se levar, exclusivamente, pela inspiração acabou por se caracterizar sempre renovado;
- Livro ‘Histórias do Brasil’: satiriza o país;
‘Tempo e Eternidade’: assume sua conversão ao catolicismo;

‘Poesia em Pânico’: insegurança;
‘Liberdade’: volta a acreditar nos homens e em si mesmo.
Textos: Carta de Pero Vaz;
A anunciaçao;
Pré-história;

Angústia e reação

Há noites instransponíveis
Há dias em que para nosso movimento em Deus
Há tardes em que qualquer vagabunda
Parece mais alta do que a própria musa.
Há instantes em que um avião
Nos parece mais belo que um mistério de fé,
Em que uma teoria política
Tem mais realidade que o Evangelho.
Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito:
O tempo sobrepõe-se à ideia do eterno.
É necessário morrer de tristeza e de nojo
Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus.
E ressuscitar pela força da prece, da poesia e do amor.

É necessário multiplicar-se em dez, em cinco mil.
É necessário chicotear os que profanam as igrejas
É necessário caminhar sobre as ondas.

Murilo Mendes

Canção do Exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturanos de Veneza.
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
Em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes

Jorge de Lima
O poeta profeta


Nasceu em União dos Palmares (AL), 1895, morreu no Rio de Janeiro em 1953;
Exerceu a medicina e o magistério, foi deputado em Alagoas e vereador no Rio.


- Como poeta, não se preocupou em enquadra-se na fórmula poética vigente; escreveu obedecendo a seus próprios princípios;
- 1ª fase: herança Parnasiana (Soneto)
- 2ª fase: identificação com as raízes pátrias (volta è infância, cultura negra);
- 3ª fase: poesia religiosa (catolicismo);
- 4ª fase (Épica): maturidade, reinventa Camões;
Texto: Invensão de Orfeu

Olá! Negro
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos
E a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor
Tentarão apagar tua cor!
E as gerações dessas gerações quando apagarem
A tua tatuagem execranda,
Não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi
Negro-fujão, negro cativo, negro rebelde
Negro cabinda, negro congo, negro ioruba
Negro que fostes para o algodão de USA
Para os canaviais do Brasil,
Para o tronco, para o colar de ferro, para a canga
De todos os senhores do mundo:
Eu melhor compreendo agora os teus blues
Nesta hora triste da raça branca, negro!
Olá! Negro! Olá! Negro
(...)
Jorge de Lima

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